A presença do escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), espécie de alta importância em saúde pública no Brasil, tem crescido em bairros residenciais, lotes vazios e áreas com acúmulo de entulhos. Resistente, adaptável e capaz de se reproduzir por partenogênese (sem necessidade de macho), o aracnídeo encontra abrigo em frestas, pilhas de materiais e locais úmidos onde também há alimento — sobretudo baratas. Diante da preocupação com acidentes, moradores vêm adotando soluções complementares de baixo impacto ambiental. Entre elas, o uso de plantas aromáticas com potencial efeito repelente vem ganhando espaço em jardins, varandas e pontos de acesso às casas.

Como plantas aromáticas podem ajudar

Lavanda, citronela, alecrim e hortelã produzem óleos essenciais voláteis de odor intenso. Embora não existam evidências conclusivas de que plantas por si só eliminem escorpiões, ambientes onde esses aromas estão presentes — aliados a boa higiene, iluminação e ausência de abrigo — tendem a ser menos favoráveis à permanência de aracnídeos e de insetos que lhes servem de alimento. Assim, o plantio estratégico funciona como medida complementar dentro de um manejo integrado de pragas domiciliares.

Onde posicionar

• Bordas de jardins junto a muros e paredes externas.
  

• Vasos próximos a portas, janelas, ralos externos, áreas de serviço.
  

• Canteiros ao longo de corredores laterais e fundos de quintal.
  

• Varandas e sacadas de apartamentos térreos ou baixos.
  
  

Quanto mais vigorosa a planta, maior a produção e liberação de compostos aromáticos.

As 4 plantas destaque contra escorpiões

1. Lavanda (Lavandula spp.)

Aroma fresco e persistente, flores ornamentais e boa adaptação a vasos ensolarados. Prefere sol pleno e solo bem drenado. Podas leves estimulam brotação e intensificam o perfume, útil em bordaduras próximas a entradas da casa.

2. Citronela (Cymbopogon nardus / C. winterianus)

Famosa no combate a mosquitos, a citronela também é usada por moradores para reduzir a aproximação de escorpiões graças ao cheiro forte de suas folhas ricas em citronelal e geraniol. Indicada para áreas externas amplas; pede sol pleno, regas regulares e contenção de touceiras para não invadir o canteiro.

3. Alecrim (Salvia rosmarinus, antes Rosmarinus officinalis)

Rústico, culinário e perfumado, o alecrim forma cercas baixas muito úteis como “cordão aromático” ao redor de canteiros e bases de paredes. Gosta de sol direto e solo pobre, drenado. O atrito nas folhas libera perfume extra — uma dica é plantar junto a passagens onde a vegetação seja tocada com frequência.

4. Hortelã (Mentha spp.)

De crescimento rápido e cheiro penetrante, a hortelã costuma ser cultivada em vasos ou jardineiras (espalha-se facilmente no solo). Requer luz indireta forte ou sol filtrado e regas frequentes. Folhas podem ser colhidas para chás; ramos amassados liberam aroma imediato, útil para reforçar pontos críticos como rodapés externos e beirais.

Guia rápido de cultivo para reforçar o efeito

Luz: Lavanda, citronela e alecrim precisam de bastante sol; hortelã tolera meia-sombra úmida.
Solo: Sempre bem drenado; usar mistura com areia ou perlita em vasos.
Rega: Moderada para lavanda e alecrim; regular para citronela; úmida (sem encharcar) para hortelã.
Podas e colheitas: Retirar pontas estimula crescimento e aumenta a liberação de compostos aromáticos.
Folhas trituradas / sachês: Ramos recém-amassados ou folhas secas podem ser colocados em saquinhos próximos a frestas, cantos de armário e ralos externos para aroma concentrado.
Óleos essenciais (uso ambiental): Diluir em água + álcool ou base apropriada e borrifar em rodapés externos; sempre testar longe de crianças, pets e superfícies sensíveis.

Combine plantas com medidas de controle ambiental

Nenhuma planta substitui os cuidados básicos que reduzem de fato o risco de encontro com escorpiões. Integre o jardim aromático às seguintes ações:

• Eliminar abrigos: Retire pilhas de tijolos, telhas, madeira, folhas secas e lixo acumulado.
  

• Controle de baratas: Menos alimento, menos escorpiões. Mantenha ralos telados e lixeiras tampadas.
  

• Vedar frestas: Use massa, silicone ou rodapés para fechar passagens em paredes, portas e drenos.
  

• Manter gramados baixos: Vegetação alta oferece sombra e abrigo.
  

• Calçados e luvas: Ao mexer em entulhos ou no jardim, use proteção.
  

• Inspeções noturnas: Escorpiões são mais ativos à noite; lanternas de luz UV podem ajudar na detecção (fluorescem sob ultravioleta).
  

• Contato com o serviço de saúde / zoonoses: Em áreas com registros de acidentes, informe-se sobre ações municipais de controle.

  Plantas resolvem sozinhas?

Não. Elas ajudam, mas não erradicam populações estabelecidas. Pense nas plantas como barreiras aromáticas + paisagismo funcional dentro de um plano maior que inclui higiene, manejo ambiental e, quando indicado, orientação de vigilância em saúde. Em locais com alta infestação, procure a secretaria municipal de saúde para orientações e encaminhamentos.

Quando procurar atendimento médico
Qualquer picada suspeita de escorpião — especialmente em crianças, idosos ou pessoas com condições de saúde prévias — exige avaliação imediata em unidade de pronto atendimento. O soro antiescorpiônico está disponível em centros de referência; leve o animal (se capturado com segurança) para identificação.

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