Cenas de terror na Casa Kids: servidores desamparados e crianças em rebelião
Perda de controle da situação expõem colapso no sistema de acolhimento infantil em Maringá

Uma revolta generalizada entre crianças e adolescentes acolhidos pela Casa Kids, abrigo institucional de Maringá, escancarou a fragilidade da rede de proteção social da cidade. A situação fugiu do controle na tarde desta terça-feira (27), mobilizando moradores, servidores públicos, conselheiros tutelares e profissionais da imprensa.
Relatos e vídeos divulgados nas redes sociais mostram crianças em cima do telhado e escalando a fachada do prédio. Uma delas estaria com uma faca na mão. Internos quebraram vidros, lançaram pedras contra veículos e depredaram parte da estrutura. A cena é descrita por servidores como “de terror”.
| “Estamos aqui no abrigo infantil há mais de duas horas aguardando a assistência social se pronunciar e resolver o problema. As crianças estão em rebelião, não obedecem aos comandos dos cuidadores, quebraram tudo. A Defesa Civil, guarda municipal e imprensa estão no local, mas ninguém da assistência compareceu”, denunciou uma servidora em vídeo divulgado pelo Sismmar, o sindicato dos servidores municipais. |
A situação, que começou no domingo, se agravou na segunda-feira e hoje, terça. Nem a presença do prefeito Silvio Barros, no domingo à noite, solucionou o problema.
Depois de três fugas, hoje à tarde as crianças se rebelaram, se manifestaram, depredaram o abrigo. Em vídeo do Sismmar, chama atenção a reclamação da demora na presença dos secretários municipais, da Criança, Carmen Inocente; da Assistência Social, Leandro Bravin; da Segurança, Delegado Luiz Alves.
As últimas informações dão conta de que as crianças serão levadas para a Vila Olímpica. No estágio atual da sua revolta é fundamental uma equipe preparada para o seu acolhimento e cuidado, bem como presença de segurança, uma vez que as crianças se negam a aceitar as orientações dos atuais responsáveis pelo abrigo.
Não há detalhes oficiais dessa transferência, nem das condições do local para onde seriam levadas as crianças.
Perguntas sem resposta
O episódio levanta uma série de questões urgentes:
- Quando começou o colapso na Casa Kids?
- Como se chegou a esse nível de ruptura?
- O que há por trás da revolta das crianças?
- Onde está a secretaria da Criança, Carmen Inocente, que liderou um evento no domingo, reunindo quase 200 ocupantes de cargos comissionados da Prefeitura, junto com o prefeito Silvio Barros e a primeira-dama, Bernadete, para celebrar o cuidado das crianças (enquanto as crianças se rebelavam no abrigo)?
A comunidade vizinha ao abrigo também relata episódios de medo e insegurança nos últimos dias. Moradores afirmam que incidentes com gritos, objetos arremessados e tentativas de fuga já haviam sido registrados anteriormente, mas nenhuma providência efetiva foi tomada.
Situação crítica
A Casa Kids acolhe crianças em situação de vulnerabilidade, muitas delas encaminhadas por ordem judicial. As condições emocionais e psicológicas dos internos, somadas à superlotação, escassez de pessoal capacitado e estrutura precária, parecem ter formado um ambiente insustentável.
A crise atual exige respostas rápidas, transparentes e responsáveis por parte da administração municipal. A população, os servidores e — sobretudo — as crianças acolhidas aguardam por providências concretas.
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Veja vídeo do Sismmar: