Três novas rolinhas-do-planalto nascem no Parque das Aves e fortalecem esforços internacionais de conservação
O Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR), recebeu em abril de 2025 três filhotes de rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), uma das aves mais ameaçadas do mundo, com apenas 11 indivíduos conhecidos em vida livre.
Por Redação Hoje Maringá
18/07/2025 | Atualizado em 17/07/2025 - 10h30
Redação Hoje Maringá
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação O Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR), recebeu em abril de 2025 três filhotes de rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), uma das aves mais ameaçadas do mundo, com apenas 11 indivíduos conhecidos em vida livre. Os filhotes nasceram por meio de incubação artificial e são fruto de uma cooperação internacional que envolve instituições brasileiras, britânicas e norte-americanas.
A ação é parte de um programa global de reprodução e conservação da espécie, coordenado pelo Parque das Aves em parceria com a ONG SAVE Brasil, os zoológicos de Chester (Reino Unido), Toledo e Bronx (EUA).
“Estamos lidando com uma das espécies mais ameaçadas do planeta. Sua conservação depende do esforço conjunto de várias instituições para garantir que continue cantando no Cerrado por muitos anos”, afirmou Ben Phalan, gerente de Conservação do Parque das Aves.
Reprodução assistida e cuidado técnico especializado
Os três filhotes nasceram sob monitoramento intensivo, em um processo que envolveu incubação artificial e alimentação especializada. A equipe responsável reuniu técnicos do Parque das Aves, da SAVE Brasil e do Zoológico de Chester. Os novos indivíduos ainda não estão em exposição ao público e devem atingir a maturidade reprodutiva em 2026.
“Cada nascimento representa uma chance real de reverter o destino dessa espécie. É uma emoção e, acima de tudo, uma grande responsabilidade para todos nós”, comentou Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.
População sob cuidados humanos dobra
Com a chegada dos novos filhotes, o Parque das Aves passa a abrigar seis rolinhas-do-planalto. O objetivo é formar uma população geneticamente viável para garantir a sobrevivência da espécie. A iniciativa começou em 2023, com o nascimento dos primeiros filhotes sob cuidados humanos. Um novo indivíduo foi adicionado em 2024.
A espécie, considerada Criticamente Ameaçada de Extinção, já teve ampla distribuição pelo Cerrado, mas hoje sobrevive apenas em uma pequena área de Botumirim (MG).
“Esses filhotes fazem parte de um planejamento científico que visa formar casais reprodutores e manter uma população de reserva sólida”, explicou Paloma Bosso.
Genética e ciência guiando o processo
Todo o manejo das aves é orientado por análises genéticas conduzidas pelo Laboratório de Genética e Evolução Molecular de Aves (LGEMA), da USP. As informações coletadas ajudam a formar casais com maior diversidade genética, reduzindo o risco de endogamia.
“Tudo começa no campo, com o monitoramento sistemático das aves durante a estação reprodutiva, para entender seus comportamentos e determinar o melhor momento de manejo”, explicou Tony Bichinski, ornitólogo e consultor da SAVE Brasil.
Medidas também no habitat natural
Além da reprodução assistida, ações de preservação têm sido implementadas em campo. Em abril de 2025, as visitas à Reserva Natural Rolinha-do-planalto, em Botumirim (MG), foram suspensas temporariamente pela SAVE Brasil e pelo Parque Estadual de Botumirim. A decisão foi tomada após observação de alterações no comportamento das aves, que passaram a buscar áreas mais fechadas de vegetação.
Cooperação internacional
A recuperação da espécie envolve uma ampla rede de parceiros, incluindo Zoológico de Toledo, Zoológico do Bronx, BirdLife International, ICMBio, CEMAVE, Universidade de Brasília, LGEMA (USP), Esalq/USP e o grupo de especialistas CPSG (IUCN).
O marco inicial do projeto foi um workshop internacional realizado em 2019 no Parque das Aves, que reuniu 29 especialistas de 15 instituições para elaborar um plano emergencial de conservação para a rolinha-do-planalto e a choquinha-de-alagoas.
“Cada nascimento é uma vitória e uma esperança para a rolinha-do-planalto. As parcerias são fundamentais para o sucesso dessa missão”, reforçou Paloma Bosso.
Sobre o Parque das Aves
O Parque das Aves é um centro de conservação e reabilitação de aves da Mata Atlântica e o segundo atrativo mais visitado do Paraná, atrás apenas das Cataratas do Iguaçu. Com mais de 30 anos de atuação, é uma instituição privada que financia suas ações de conservação por meio da visitação turística e do consumo em seus restaurantes e loja.
Mais informações: www.parquedasaves.com.br
