Uma solução inovadora desenvolvida por uma engenheira de segurança do trabalho da Itaipu Binacional está transformando a forma de capacitar profissionais que atuam em ambientes com alto risco elétrico. O Simulador de Risco Elétrico (SRE), criado por Thiciane Peres, recebeu certificação oficial do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), tornando-se um ativo intelectual registrado da empresa.

Com tecnologia imersiva, a ferramenta utiliza óculos de realidade virtual e sensores para simular, de maneira realista e segura, ambientes de subestações e procedimentos de desenergização elétrica, conforme a Norma Regulamentadora 10 (NR-10). O objetivo é permitir que trabalhadores sejam treinados sem exposição ao risco real, reforçando a cultura de segurança nas operações da usina.

Inovação reconhecida

A ideia do SRE surgiu a partir da percepção da necessidade de melhorar o preparo dos profissionais que atuam diretamente na Subestação da Margem Direita (SEMD), uma das áreas mais sensíveis da usina. A proposta venceu o Prêmio Inowatt, concurso interno de inovação da empresa, e foi desenvolvida em parceria com o Parque Tecnológico Itaipu (Parquetec).

Após testes e ampliações entre 2021 e 2024, o simulador começou a ser utilizado em treinamentos, proporcionando experiências com sons, sinais visuais e até simulações de erro, permitindo que os trabalhadores aprendam com segurança. “Com o SRE é possível aprimorar o conhecimento sobre os procedimentos de trabalho, análise de riscos, planejamento de atividades e o uso correto de EPIs”, explica Thiciane.

Cultura da inovação na prática

O registro do simulador é o oitavo obtido pela Itaipu e o primeiro após a criação do Programa de Propriedade Intelectual, lançado em junho de 2024 em parceria com o Inpi e o Parquetec. A iniciativa visa promover a cultura da inovação e incentivar o registro de criações desenvolvidas por empregados, startups e instituições parceiras.

Somente no último ano, a Itaipu recebeu destaque como uma das 20 empresas mais inovadoras do Brasil, segundo a MIT Technology Review Brasil, e tem incentivado a criatividade com ações como o repositório de produções acadêmicas, a reformulação da Universidade Corporativa, e o incentivo a automatizações de processos internos.

Reconhecimento e próximos passos

Além de Thiciane, integram o registro do SRE os colaboradores Emerson Felichaki, Camila Muriana, Marcos Trigueiros, Mário Augusto Caetanos dos Santos e Sérgio Oliveira, da Itaipu, além de Lyncon Baez, do Parquetec. Para a criadora do simulador, a conquista representa mais do que um reconhecimento técnico.

“O sentimento é de dever cumprido. O registro no Inpi reforça o potencial transformador da inovação dentro da Itaipu. Que esse exemplo inspire mais colegas a propor soluções que façam a diferença”, afirma Thiciane.

O simulador já é referência fora da usina, tendo sido apresentado em eventos técnicos e mencionado em publicações do setor, como o livro Energia em Transformação – a contribuição das mulheres para a transição energética, do qual Thiciane é coautora. A empresa também avalia ampliar o uso do SRE para treinamentos complementares em cursos de NR-10 em outras instituições.

Para o diretor administrativo da Itaipu, Iggor Rocha, a trajetória do simulador é exemplar. “É sempre uma excelente notícia receber registros como esse, com o ciclo completo: ideia, desenvolvimento, protocolo e deferimento. É o modelo de inovação que queremos replicar.”

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