A Cinemateca Portuguesa homenageou o Papa Francisco com o ciclo “O Cinema segundo Francisco”, uma seleção de cinco filmes que refletem o gosto cinéfilo do pontífice e seu olhar humanista em 2023. O público poderá assistiu as obras que marcaram espiritualmente a vida de uma das figuras mais influentes do século XXI.

A iniciativa tem como ponto de partida uma entrevista concedida por Francisco em 2013 ao jornal L’Osservatore Romano, na qual ele revela sua antiga paixão pela sétima arte e a importância do cinema em sua formação pessoal. “São filmes que mostram o lado sensível, contemplativo e crítico do Papa diante da condição humana”, destaca a Cinemateca na programação.

O ciclo será aberto com o clássico italiano “A Estrada” (1954), de Federico Fellini, protagonizado por Anthony Quinn e Giulietta Masina. A obra, controversa à época, narra a história trágica de Gelsomina, jovem vendida a um artista de rua, e é considerada por Francisco um dos filmes mais tocantes que já viu.

Outros destaques são “Esposos perante Deus” (1941), de Mario Camerini, e “As crianças olham para nós” (1952), de Vittorio De Sica, ambos do cinema italiano. Completam a seleção o japonês “Rapsódia em Agosto” (1991), de Akira Kurosawa, e o dinamarquês “A Festa de Babette” (1987), de Gabriel Axel, este último já citado anteriormente como um dos preferidos do Papa.

 Embora o reconhecimento não se refira diretamente ao amor do pontífice pela arte cinematográfica, ele foi celebrado por sua atuação, muitas vezes “em silêncio”, em defesa do povo ucraniano.

Jaka Bizilj, fundador da organização criada após os atentados de 11 de setembro de 2001, entregou pessoalmente o galardão ao Papa na Casa Santa Marta, destacando seus esforços humanitários em favor da paz. “Ele favoreceu os corredores humanitários, tentou conter o conflito logo no início e procurou salvar vidas, especialmente de crianças”, afirmou emocionado.

O prêmio foi dedicado às crianças vítimas da guerra na Ucrânia, em particular a um menino de apenas um ano, morto durante um ataque com mísseis russos em março de 2022. O pai da criança participou da exibição do documentário Freedom on Fire: Ukraine’s Fight for Freedom, de Evgeny Afineevsky, na Universidade Europeia. “O senhor dá esperança e inspiração às pessoas”, disse Bizilj, dirigindo-se ao Papa.
A homenagem reafirmou o papel de Francisco não apenas como líder espiritual, mas como figura global de compaixão, diálogo e defesa da dignidade humana — valores presentes tanto em sua atuação pastoral quanto nas histórias que escolhe ver nas telas de cinema.

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