Zona Livre - Diniz Neto

A epidemia da desinformação: entre absurdos e a rebeldia da esperança
Versões e narrativas enganam e afastam as pessoas da realidade - mas o que é realidade?

A quantidade de notícias falsas, com narrativas para todos os gostos, além de uma intensa falta de racionalidade, por todos os lados, está confundindo cada vez mais.
Fico estarrecido com o que leio em grupos de WhatsApp. As falsas informações estão em redes sociais e outros espaços da internet.
Recebo mensagens que superam o inacreditável! Hoje mesmo, uma: "Guerra Civil à vista! Gravíssimo: ..." Não me atrevo a continuar com a "(falsa) notícia" porque ela é tão improvável quanto impossível. Mesmo que alguém escreva e afirme que é verdade.
Quase tão incrível é o nível das pessoas que publicam ou compartilham: profissionais bem-sucedidos, empresários renomados, líderes em suas áreas de atuação. Pessoas de todos os segmentos da sociedade, iludidas por verdadeiros absurdos, das mais variadas cores.
A que ponto chegamos!
Ontem também vi uma notícia de que Elon Musk havia publicado informações que conteriam os votos de todos os brasileiros nas eleições de 2022. Procurei por todos os meios encontrar pelo menos uma linha sobre o assunto em canais de Musk, como X, redes sociais, sites etc. Não existe nada! Até porque a informação é absolutamente improvável, apesar de que a tecnologia tem ajudado a enganar ainda mais e mais, a cada dia. E o improvável ontem, quem sabe, seja possível hoje ou amanhã. Difícil saber, mas ainda há, ainda pode e deve haver espaço para o bom senso, mesmo que seja mínimo.
Tem muita gente cega, obcecada por paixões, opiniões ou ideologias que vão além do mínimo racional.
Se esta epidemia atinge parte importante da elite, o que dizer e como alertar pessoas comuns, mais simples e com menos recursos e informações?
Pior de tudo é que esta crise não é privilégio brasileiro. Nacionalismo, xenofobia, autoritarismo, ditaduras, absolutismo, violência, guerras, destruição, extermínios são apenas porções de uma covardia sustentada por poder e poderosos.
A alguns resta, na condenação invisível das rotinas, a rebeldia da esperança, tão inconsciente e inocente como uma criança. Talvez aí exista uma chance para a felicidade. Mesmo que fugaz, pequena e quase inconsciente, mas sempre felicidade.