A. A. de Assis

FUTEBOL DE BOTÃO
Havia torneios mensais e, em dezembro, uma copa anual disputada pelos jogadores que mais pontuaram nos meses anteriores

Minha geração (a dos que hoje têm mais de 80) viveu o auge de uma fascinante modalidade esportiva: o futebol de botão, inventado em 1930 pelo brasileiro Geraldo Cardoso Décourt. No Brasil inteiro e em vários outros países, esse joguinho foi praticado mais intensamente nas décadas de l930 a 1980, nele se destacando até celebridades como Pelé, Delfim Neto, Chico Buarque, Osmar Prado, Chico Anysio, Oscar Schmidt.
O jogo se realiza num campinho de aproximadamente 1,20m X 0,80m. O time é formado por 9 jogadores mais um goleiro. As partidas são disputadas em dois tempos de 10 minutos. Os botonistas são, em maioria, meninos; porém há muitos velhinhos até hoje chegadões nesse animado recreio.
As regras são mais ou menos semelhantes às do futebol de campo. A cancha é geralmente desenhada na superfície de uma mesa comum; todavia, para treinar, pode-se improvisar uma no assoalho.
Na cidade onde passei a infância e parte da juventude (São Fidélis-RJ) havia tantos botonistas que chegou a ser instituída uma liga para regulamentar as competições (LFFB – Liga Fidelense de Futebol de Botão).
Havia torneios mensais e, em dezembro, uma copa anual disputada pelos jogadores que mais pontuaram nos meses anteriores. A coisa era levada tão a sério que às vezes uma partida terminava em sopapos, envolvendo as torcidas.
Os botões eram originariamente aqueles comuns, usados em paletós e capas de chuva, e eram movidos por uma palheta. Com o tempo, e por obra da grande popularidade do brinquedo, começaram a surgir botões industrializados, com adesivos de times ou rostos de jogadores famosos. O goleiro é um pequeno retângulo de acrílico, mas nos joguinhos menos formais podem ser usados outros objetos, até mesmo uma caixa de fósforos.
Atualmente a prática do futebol de botão, também conhecido como futebol de mesa, é orientada no Brasil pela CBFM (Confederação Brasileira de Futebol de Mesa) e há um número considerável de aficionados. Não sei, porém, se chega a emocionar tanto quanto nos meados do século passado.
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Crônica publicada no Jornal do Povo – Maringá – 17-07-2025

* A. A. de Assis, jornalista, escritor, poeta e professor é um dos pioneiros da vida intelectual e cultural de Maringá. Atuou com brilhantismo na imprensa local e tem uma aplaudida vida acadêmica como professor na Universidade Estadual de Maringá. Como trovador, tem uma coleação de mais de 10 mil trovas. É grande cronista da cidade de Maringá, "o melhor lugar do mundo".