Segredo milenar por trás do envelope vermelho chinês
A tradição do Hong Pao — o famoso envelope vermelho chinês — é muito mais do que um gesto simbólico de generosidade durante o Ano Novo Lunar.

A tradição do Hong Pao — o famoso envelope vermelho chinês — é muito mais do que um gesto simbólico de generosidade durante o Ano Novo Lunar. Como explica o professor Lin Keng, especialista em cultura chinesa e professor de mandarim há 15 anos no Brasil, a prática milenar carrega significados espirituais profundos relacionados à proteção, prosperidade e respeito às gerações mais novas.
Originalmente conhecido como Ya Sui Qian — que significa “dinheiro que espanta os maus espíritos” — o costume envolvia moedas antigas com furo quadrado, amarradas com barbantes vermelhos e colocadas junto a recém-nascidos. “Essas moedas representavam um escudo contra doenças, má sorte e forças negativas”, explica Keng. A cor vermelha, tradicional na cultura chinesa, simboliza sorte, alegria e proteção contra energias malignas.
Do cordão ao envelope: a transformação do ritual
Com o passar dos séculos e o surgimento do papel moeda, a prática evoluiu: os cordões vermelhos deram lugar aos envelopes de papel — o Hong Pao moderno — que hoje simboliza desejos de saúde e longevidade. Apesar da mudança na forma, o propósito espiritual permanece: proteger e abençoar os mais jovens.
Os Hong Pao são comumente oferecidos por adultos casados a crianças e jovens solteiros durante o Ano Novo Chinês, mas também aparecem em celebrações como casamentos, aniversários e nascimentos. A entrega é precedida por saudações respeitosas, fortalecendo o laço entre gerações.
Números, significados e superstições
Não é qualquer quantia que entra no envelope vermelho. A numerologia tem papel fundamental na escolha do valor presenteado. Números pares são preferidos por simbolizarem harmonia, enquanto quantias com o número 8 são vistas como auspiciosas, já que “oito” (bā) soa como “riqueza” (fā). Por outro lado, números com o algarismo 4 são evitados, pois a pronúncia (sì) se assemelha à palavra “morte” (sǐ), carregando conotação negativa.
A simbologia por trás da moeda antiga
As moedas utilizadas originalmente no Ya Sui Qian tinham formato redondo com um furo quadrado no centro — design que simboliza a união entre céu (círculo) e terra (quadrado), segundo a cosmologia chinesa. Isso reforça o poder protetivo do objeto, visto como representação do equilíbrio universal.
Além disso, amarrar moedas em cordões vermelhos era uma forma de manter a energia positiva próxima ao corpo da criança, garantindo não apenas proteção contra males espirituais, mas também saúde e longevidade.
A cor vermelha como escudo cultural
O vermelho não é apenas decorativo: na mitologia chinesa, a cor afasta o monstro Nian, criatura lendária que aterrorizava aldeias no Ano Novo. Segundo a lenda, barulhos altos, luzes brilhantes e a cor vermelha eram os únicos elementos capazes de espantar o monstro. Por isso, o vermelho se tornou cor predominante nas celebrações e também nos envelopes — um símbolo visual de proteção e esperança.
Tradição viva no mundo moderno
O Hong Pao segue firme no século XXI, não apenas na China continental, mas também entre comunidades chinesas em países como Vietnã (lì xì), Japão (Otoshidama) e Malásia (ang pow). Mesmo em meio à digitalização, com versões virtuais dos envelopes surgindo em aplicativos como o WeChat, a essência da prática permanece: oferecer proteção, demonstrar afeto e manter viva a conexão com os ancestrais.
“É uma das formas mais bonitas de expressar cuidado na cultura chinesa. Não se trata apenas de dar dinheiro, mas de transmitir sorte, bênçãos e proteção”, resume Lin Keng.
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