O jogador boliviano Miguel Angel Terceros Acuña, conhecido como Miguelito, do América Futebol Clube (América-MG), tornou-se réu por injúria racial contra o atleta Allano Brendon de Souza Lima, do Operário Ferroviário Esporte Clube (Ofec-PR). A denúncia, feita pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), foi aceita na quarta-feira (7) pela 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa.

O caso ocorreu no último domingo (4), durante partida válida pela Série B do Campeonato Brasileiro. Segundo a acusação, aos 30 minutos do primeiro tempo, Miguelito teria se dirigido a Allano com a expressão ofensiva "preto do ca**lho". O árbitro interrompeu o jogo e acionou o protocolo antirracismo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O atleta do América-MG foi preso em flagrante após o término do jogo e liberado no dia seguinte para responder em liberdade.

A Promotoria destacou que há imagens oficiais que mostram o momento exato da ofensa, corroboradas por depoimentos de Allano e do capitão do Operário, Jacy. O promotor João Conrado Blum Júnior, responsável pela denúncia, recusou a oferta de acordo de não persecução penal, alegando a gravidade do crime.

Miguelito nega ter cometido a injúria. Em nota, o América-MG afirmou que o jogador está recebendo apoio do clube e segue treinando normalmente. Na esfera esportiva, ele foi suspenso preventivamente pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) até o julgamento do caso.
A injúria racial é prevista na Lei nº 7.716/1989 e tem pena de dois a cinco anos de reclusão, além de multa. O caso reacende o debate sobre racismo nos estádios brasileiros e reforça a necessidade de mecanismos rigorosos de combate à discriminação no esporte.